[a um bom camarada, livre como poucos, carioca de copo na mão, franco-maranhense de coração]
No vértice de um instante,
no ar,
na instância mais aguda
da palavra.
Camarada,
explodo contigo nessa manhã.
Entre a Rua Grande e
e o Quai Saint Germain,
por cheiros de livro,
num beco do Rio Comprido,
do Leme ao Lido.
Lida num grave humor,
a genealogia, a geografia do
indivíduo —
a origem te exerce um fascínio.
Saboreia o sabor
na história,
conversa com o vinho.
Decanta o teu amor
juif-sémite, gaulois,
azul como deve o mar,
oui.
Marginais em Montmartre,
no Moulin, aqui;
mas a vida é uma frase
composta de dois itinerantes,
de fé
e coração de viajantes.
E isso fica entre nós num café,
numa tarde,
num poema apagado.
Fico com a virulência no debate
e o instinto verbal que entorna
tua verve de vate.
O vácuo a meu lado vai ser uma forma
de fazer a saudade só mais
um aroma.
É nesse modo de ferver,
na via de enfrentamento
que a gente se encontra –
embora o meu sono.
Me acendo nesse vento,
calado, me aprendo em como
fazer de um momento
aquilo tudo o que somos:
ato.
Felipe Velho
Rio, 13 / 05 / 08
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